Kendir Studios lança o primeiro jogo educativo no mercado

Vencedor BfK Ideas 2020 

A Kendir Studios, projeto que venceu o concurso de ideias da ANI, o Born from Knowledge (BfK) Ideas em 2020, na categoria de “Turismo, Indústrias Culturais e Criativas”, lançou recentemente no mercado o seu primeiro jogo educativo, Liber Domus. 

Para a Kendir Studios, este momento “significa a concretização de um conceito, uma ideia e o sonho da nossa equipa”, que teve início num projeto de investigação da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Neste projeto, que visa estudar o potencial que os roleplaying games podem ter em ambientes de ensino e também na aprendizagem à distância, estão a ser desenvolvidos todos os mecanismos implementados no jogo educativo, baseados na evidência científica de que “irão ter um impacto positivo na experiência educativa do aluno.” 

Para a educação, este lançamento, “significa ainda mais”, afirma Eduardo Nunes. “É um conceito revolucionário, que já começa a ser conhecido como gaming educacional, e que fomos os primeiros a criar. E é o primeiro passo para a Educação 3.0, um universo virtual 3D, adaptado à educação e ao ensino, e é, nessa medida, um primeiro passo importantíssimo, porque demonstra que é possível”, acrescenta o CEO da Kendir Studios. 

O jogo Liber Domus é, segundo a Kendir Studios, um mundo de fantasia, mas inspirado nos tempos clássicos e geograficamente semelhante a Portugal, onde não só a matemática e a ciência são importantes, mas todo o conhecimento e saber são valorizados.  

“Existe todo um trabalho de criação de história por trás do jogo, que o jogador/aluno vai explorando e conhecendo à medida que avança, mas centra-se no povo Primi, que migrou de um império em ruínas à procura de um local seguro, acompanhado de todo o seu conhecimento. Os Primi chegam eventualmente a uma localização rodeada de montanhas e encontram criaturas místicas a que chamam de Estimmos, construindo aí uma nova civilização, a cidade chamada Liber Domus. Durante séculos, evoluíram para uma sociedade organizada, democrática e próspera. Porém, recentemente surgiu um novo povo, denominado Secondo, que, sendo também refugiado, é acomodado na cidade, numa dinâmica que vai originar conflitos”, descreve Eduardo Nunes.  

O jogador, na forma de um aprendiz de apenas 11 anos, é chamado a auxiliar na resolução desses problemas e conflitos, bem como de outros que surgem. Curiosamente, todos os desafios e aventuras estão de alguma forma relacionados com matemática e ciências naturais. 

Na prática, serve como uma base, um cenário enorme, em que o jogador/aluno pode navegar livremente, interagir e explorar. Com cada aventura, centrada numa narrativa principal e várias narrativas paralelas, o jogador explora novas localizações, conhece novas personagens, passa por novas emoções. 

Rápida aprendizagem de matemática e ciências 

Um aspeto diferenciador de Liber Domus, e uma das razões pelas quais o conceito é tão radical, é a introdução de humanismo e emoção no jogo. “Introduzimos emoção na aprendizagem, momentos felizes e tristes, até assustadores (moderadamente), interações humanizadas, permitindo ao jogador criar um laço emocional com a história e o mundo, o que potencia um enraizamento e aprofundamento do conhecimento adquirido no jogo. Adicionalmente, conseguimos também trabalhar competências muito relevantes na atualidade como sustentabilidade, inclusão, empatia, pensamento crítico, motivação, resiliência, etc., algo que nenhuma plataforma de aprendizagem consegue suportar de forma relevante”, continua o CEO da Kendir Studios. 

O Liber Domus já foi testado com alunos em cenário real e, além do enorme entusiasmo dos mesmos que não queriam parar de jogar, verificou-se uma evolução na aprendizagem muito rápida. “Aprender tornou-se um instrumento para chegar à próxima aventura e fizeram-no de bom grado, desfrutando do sucesso posteriormente. Alunos com muitas dificuldades chegaram ao fim do período de experiência com o conhecimento completo de matérias difíceis”, conta Eduardo Nunes, que acrescenta: “os alunos estudaram conteúdos de uma semana numa hora”.  

O CEO da Kendir Studios revela que o facto de o projeto ter vencido o BfK Ideas “permite a todos os que interagem connosco a nível institucional a garantia de que existe de facto essa ligação forte entre a ciência e a produção, que se traduz em qualidade e eficiência dos jogos”. 

E se o Liber Domus é um jogo pensado para o 6º ano de escolaridade, com reforço e recuperação de aprendizagens do 5º, a Kendir Studios planeia lançar novos jogos para todos os anos letivos pré-universitários. “Qualquer tema pode ser inserido num jogo como o Liber Domus e estamos preparados para criar novos mundos, histórias e dinâmicas para acompanhar os alunos no seu percurso escolar, tanto nas áreas STEM como em literatura”, perspetiva Eduardo Nunes, que garante que a empresa não se ficará pelos jogos individuais. “Os cenários multijogador, como por exemplo salas de aula virtuais, competições de conhecimento, eventos internacionais, aventuras ultrapassadas em equipas, tudo é possível e estamos bem encaminhados para trazer, brevemente, novidades nesse âmbito”, conclui. 

O Born from Knowledge é um programa dinamizado pela ANI que visa promover uma cultura de valorização do conhecimento científico e tecnológico em Portugal, distinguindo e premiando boas práticas e casos de sucesso. O BfK Ideas já premiou 20 projetos desde a sua primeira edição, em 2016.